quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
ROGER RODRÍGUEZ
O jornalista uruguaio Roger Rodríguez, reconhecido e aplaudido investigador de casos que envolvem violações aos direitos humanos, deverá enfrentar na próxima quinta-feira, dia 07 de fevereiro, perante uma Vara Criminal em Montevidéu, um processo por “difamação e injuria”, ajuizado por Enrique Mangini Usera, major aposentado do exército do Uruguai, a quem denunciou publicamente por haver participado do assassinato de um estudante em 1972.
O major Mangini, de obscura trajetória militar, surge no dia 30 de outubro passado, na imprensa em geral e, especialmente na televisão do vizinho país, ocasião em que apareceu ostensivamente como guarda-costas do general Iván Paulós, ex-chefe do serviço de informações. O referido general Paulós, compareceu ante a Justiça, na condição de testemunha, no processo em que é réu o ex-ditador Gen. Gregório “Goyo” Alvarez (atualmente preso), no qual é acusado por crimes de desaparição, tortura e crimes de lesa humanidade.
Também o acompanhava na tarefa de “segurança”, nosso velho conhecido seqüestrador e torturador, Cel. Eduardo Ferro, que em 12 de novembro de 1978, juntamente com policiais do DOPS/RS, comandados pelo Delegado Pedro Sellig, seqüestraram em Porto Alegre os uruguaios Lilian Celiberti, seus dois filhos menores, e o jovem estudante Universindo Rodriguez Diaz.
Na ocasião, o ex-major Mangini, que fazia questão de exibir um potente revolver, que levava sob o casaco, aproveitava para manifestar frente a jornalistas e vários militares aposentados, seu incondicional apoio, ao velho chefe dos “arapongas” uruguaios. Em matéria publicada no jornal “La República” (de Montevidéu), o jornalista Roger Rodríguez revelou a identidade de Mangini, e o denunciou como membro da organização estudantil de ultra-direita “Juventude Uruguaia de Pé”, grupo com a qual, no dia 11 de agosto de 1972, invadiu armado, e atirando, uma escola de segundo grau (liceo), ocasião em que foi assassinado o estudante Santiago Rodríguez Muela.
Pelas leis uruguaias, a audiência será pública e, poderá resultar em uma condenação a pena de prisão, ao jornalista Roger Rodríguez, invertendo totalmente a lógica da Justiça, ou seja: o denunciante um crime, sendo condenado! Roger Rodríguez é um jornalista reconhecidamente comprometido com os Direitos Humanos, seu trabalho de jornalista investigativo, permitiu encontrar um menino desaparecido e, revelou ao mundo a existência de traslados de perseguidos políticos, em clássicas “Operação Condor”.
Este reconhecimento se traduziu em vários prêmios jornalísticos, tanto no Uruguai, como regionalmente, no Cone Sul de nossa América. O Movimento de Justiça e Direitos Humanos/Brasil, em 10 de dezembro de 2002, prestou-lhe justa homenagem, conferindo-lhe o XIXº Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo. Enviem manifestações de solidariedade ao colega para o e-mail: mjdh@terra.com.br. Fonte: Jair Krischke – conselheiro Movimento de Justiça e Direitos Humanos)
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